Angioplastia "ad hoc"

Muitos paciente tem a falsa impressão que o cateterismo cardíaco "desobstrui" as artérias. Porém, na verdade, durante o cateterismo (cinecoronariografia), o médico apenas avalia e quantifica eventuais obstruções encontradas no leito coronariano, ou seja, é um procedimento puramente diagnóstico.

A Angioplastia coronariana (ICP) "ad hoc" é a intervenção terapêutica, que pode ser realizada, em algumas situações específicas, no mesmo ato do procedimento diagnóstico (cateterismo).

Uma série de vantagens e desvantagens tem sido descrita para a ICP ad hoc, comparado à intervenção estadiada, ou seja, num segundo momento, após o paciente já ter sido submetido ao cateterismo diagnóstico.

Entre as vantagens, da ICP "ad hoc",  podemos relacionar o conforto do paciente, a diminuição de custos e tempo de estadia hospitalar e a diminuição de riscos, como as complicações vasculares e cardiovasculares.

Para a realização da Angioplastia ad hoc, é fundamental uma boa integração entre a equipe médica, ou seja, o cardiologista clínico e o intervencionista, o conhecimento prévio do caso clínico pelo intervencionista e também do reconhecimento da importância desta ferramenta por parte das fontes pagadoras, ou seja, seguradoras de saúde e pelo SUS.

Alguns pacientes já mais orientados, me procuram, e questionam a possibilidade de já tratar a eventual obstrução, no momento do cateterismo. Para realizar a ICP no mesmo ato do cateterismo, dependemos primeiro do consentimento do paciente e a concordância do médico assistente e também da avaliação da complexidade das lesões. Via de regra, em lesões mais complexas, muitas vezes preferimos estadiar o procedimento,  tanto para planejamento da estratégia da intervenção, quanto para discutir o caso com o "Heart team".

O Heart Team é um grupo composto, pelo menos, pelo cardiologista clínico, pelo cardiologista intervencionista e pelo cirurgião cardiovascular, mas pode incluir também subespecialistas em imagem cardíaca, neurologista, nefrologista, pneumologista, anestesista, entre outros. Este grupo é importante para a tomada de decisões terapêuticas em pacientes com doença complexa.  Nosso grupo se reúne semanalmente no Hospital Márcio Cunha, para a discussão clínica de casos complexos.